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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério (mesmo)



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Atualmente muito se discute sobre a necessidade de uma regulamentação da comunicação no Brasil, medida vista como uma censura da mídia, já que essa é a ideologia que parte da sociedade brasileira incorporou em seus discursos “democráticos”.

Mas o que essa mesma parcela não percebe é que já existe uma censura nos meios de comunicação. Essa censura é justamente fazer todos pensarem que a mídia é imparcial, que dá voz e representatividade a todos. Só que não.
Vou usar um exemplo simples a mim, creio que a muitos também: os jovens.
Inicialmente um contexto. Tenho 24 anos (uma senhora jovem) e estudo Jornalismo. As duas pontas desta conversa: Juventude vs Mídia.
Dentro da sala de aula, ou até mesmo nas rodas de discussão que fazemos pós-aula é notório o desconhecimento que meus próprios colegas de profissão têm acerca de debates que envolvem a sociedade como um todo.
Mas isso não é uma crítica. É uma alerta. Nessas discussões é possível reparar o olhar de espanto e surpresa quando menciono alguns assuntos que foram deturpados pela mídia, inclusive quando falo que os jovens não estão acomodados como parece, ou como nos é apresentado pelos meios de comunicação.
Dias atrás, conversei com um amigo sobre os investimentos para a educação. Em resumo, apontei que se hoje os parlamentares debatem pela aprovação dos 10% do PIB, 100% dos royalties do petróleo e 50% do Pré-sal para o setor, é porque a juventude não apenas pressionou pelas redes sociais, fazendo o “ativismo de sofá”, mas porque essa mesma geração foi às ruas, em diversas oportunidades. Ocuparam Brasília, ocuparam a Câmara, ocuparam o espaço da agenda brasileira, colocando em cheque os temas que estavam guardados nas gavetas.
A admiração maior dele foi ao me escutar falar da Marcha das Sindicais, ocorrida em Brasília, no mês passado. Para ele, assim como para muitos brasileiros, aquela manifestação era um bando de desocupados, que atrapalharam o trânsito da capital federal. Tamanha surpresa quando eu expliquei que aquelas 50 mil pessoas estavam ali para cobrar do Governo melhorias para os trabalhadores e estudantes. Melhorias estas, que implicam diretamente na vida de milhões de brasileiros, e entre as pautas, estava também a cobrança dos 10% do PIB na educação. E quem estava lá? Sim, os jovens mais uma vez.
E então você pensa que isso só acontece esporadicamente, e lá longe, em Brasília, na frente do Congresso Nacional, que este ativismo está longe de você. Mais uma vez, lhe vem uma negativa. Ações como essas ocorrem frequentemente, em todos os cantos do país, porém a mídia oculta esses acontecimentos, ou conta a história como convém aos interesses dela.
Quer mais um exemplo?
O que você pensaria se ficasse sabendo que neste atual, MILHARES de jovens, em 16 cidades brasileiras, realizaram inúmeras intervenções e manifestações pedindo não apenas por esses investimentos na educação (pauta central), mas também engajados em diferentes causas, como contra a violência acometida contra negros, mulheres, gays; pela reforma agrária; cobrando trabalho digno e decente, pressionando pela democratização dos meios de comunicação?
Mais ainda. Que estes jovens realizaram suas ações em pontos estratégicos, que coincidiam de ser em frente às secretarias de educação e/ou na frente das prefeituras. O motivo dessa estratégia era se fazer ouvir pelos representantes públicos, apresentar as reivindicações que essa juventude defende. E o barulho destes jovens foi tão grande, que não apenas os prefeitos, mas até mesmo a presidente Dilma Rousseff se reuniu com os jovens, para escutar essas tais reivindicações?
Seria algo ilusório. Difícil de acreditar.
A presidente da República dispor do seu valioso tempo para escutar esses desocupados?
Para os jovens, não existe ilusão, existe ação. Sim, eles conseguiram isso e muito mais, que infelizmente não cabe em apenas um artigo.
Estas mobilizações realizadas fizeram parte da Jornada de Lutas da Juventude Brasileira, que talvez, você deve ter sido informado que foram ações isoladas, de jovens atrapalhando o trânsito da cidade, como é de costume ser divulgado.
Estive presente na Jornada que ocorreu em São Paulo. Como cidadã posso dizer que foi um dos momentos mais enriquecedores que tive. Não apenas por ver a organização e mobilização de milhares de estudantes, mas por ver que todos que estavam ali, independente da idade, sabiam dialogar sobre o porquê estavam cobrando tais melhorias. Sim, essa juventude é consciente dos seus atos, é mais consciente ainda da capacidade que eles sabem que têm para mudar o futuro do país.
Essas ações, infelizmente, só tomamos conhecimento através da imprensa alternativa, pois na grande mídia, ainda prevalece a seleção criteriosa ou distorcida da informação, atendendo aos interesses políticos e mercadológicos dos grandes empresários que detém o domínio da comunicação.
Os jovens são apenas um mero exemplo dessa censura. Se irmos mais a fundo, de certo, teremos muitas discussões sobre a exclusão que gays, negros, mulheres e outras minorias têm na mídia.
Por fim, parafraseio um trecho de uma famosa canção, pra dizer que regulamentar a mídia é apenas um caminho pra mostrar que o que “eu vejo na TV o que eles falam sobre o jovem não é sério (mesmo)”.

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