Por Altamiro Borges
A oligarquia financeira e a mídia rentista venceram mais uma
batalha. Já o governo Dilma, acovardado e acuado, perdeu mais um ponto da luta
de ideias na sociedade. Pela segunda vez consecutiva, o Comitê de Política
Monetária (Copom) do Banco Central anunciou na noite desta quarta-feira (29) o
aumento da taxa básica de juros, a Selic. A "calunista" Miriam Leite,
a urobóloga das Organizações Globo, havia apostado numa alta de 0,25%. Mas o BC
foi ainda mais generoso com os rentistas e aumentou os juros em 0,5%. Os
maiores perdedores desta contenda, como sempre, são os trabalhadores e o povo
brasileiro.
A decisão de elevar os juros agradou os rentistas e
desagradou os setores produtivos da sociedade. Até a Confederação Nacional das
Indústrias (CNI) soltou uma dura nota de crítica à medida. "Como acaba de
mostrar o comportamento do Produto Interno Bruto (PIB) no primeiro trimestre, a
indústria permanece estagnada. Segundo a CNI, neste cenário, o aumento nos
juros é ainda mais prejudicial ao setor, justamente o de maior capacidade de
recuperação e de contribuição à retomada da economia. Sem uma participação
expressiva da indústria, o país cresce pouco... Para a CNI, a elevação isolada
dos juros não é a melhor forma de enfrentar essa equação, porque prejudica a
expansão dos investimentos e dificulta o aumento da oferta".
Entre os trabalhadores, os mais afetados pelo aumento dos
juros - com seus efeitos deletérios na geração de emprego e renda -, as
críticas foram ainda mais incisivas. "A elevação da Selic pela segunda vez
seguida no ano é um desastre do ponto de vista econômico e social. Não existe a
ameaça de descontrole inflacionário e a decisão do BC vai frear ainda mais o
ritmo do crescimento econômico, a expansão do crédito, o fortalecimento da
produção e do consumo e a geração de empregos”, afirma o presidente da Confederação
dos Trabalhadores no Sistema Financeiro (Contraf), Carlos Cordeiro.
Para Wagner Gomes, presidente da Central dos Trabalhadores e
Trabalhadoras do Brasil (CTB), a medida é um verdadeiro desastre. "A
elevação da taxa básica de juros para 8% está na contramão dos interesses de
uma nação que anseia pelo desenvolvimento. O Brasil precisa crescer. Mas a alta
dos juros conspira contra esta necessidade e fortalece as tendências de
estagnação do PIB, que avançou apenas 0,6% no primeiro trimestre e tende a repetir
um desempenho medíocre em 2013".
O sindicalista ainda refuta a campanha midiática para
defender a alta dos juros. "A inflação é apontada como justificativa para
a decisão do Copom. O pretexto não convence num momento em que os preços das
mercadorias, a começar pelos alimentos, estão desacelerando. Mas já não é
segredo para ninguém que a alta dos juros vai ao encontro dos interesses
dominantes no sistema financeiro... Os banqueiros e grandes credores ganham
bilhões a cada momento em que a Selic sobe. Percebe-se a persistente pressão
pela alta das taxas de juros e spread nas análises dos porta-vozes
'autorizados' do mercado veiculadas na mídia burguesa. Estes não se cansam de
agitar o fantasma da inflação e alardear a necessidade de juros mais altos, bem
como protestar contra a suposta falta de autonomia do Banco Central quando este
adota uma orientação que contraria a vontade dos rentistas”.
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