Não entendo a existência humana e a necessária luta para fazê-la melhor,
sem esperança e sem sonho.
(...) Não sou esperançoso por pura teimosia, mas por um imperativo
existencial e histórico.
(Paulo Freire, Pedagogia da esperança, 1992).
A luta por uma sociedade justa e
solidária é o motor que move os jovens socialistas, é imperativo a luta por
essa sociedade, não por simples teimosia, mas como condição de não mergulharmos
na barbárie imposta pelo sistema capitalista.
Vemos em Parintins uma crescente onda
de violência cometida principalmente por jovens, os analistas políticos de
plantão apressam-se em pedir logo a redução da maior idade penal como solução
para a questão da criminalidade juvenil. O atual governo municipal como os
governos anteriores, realiza programas de esporte ou de qualificação
profissional que atende um número reduzido de jovens com idade entre 15 a 20
anos como resposta para as demandas de emprego, saúde, educação, esporte, cultura,
lazer de mais de 25mil pessoas que estão na idade entre 15 e 29 anos em nosso
município.
A redução da maior idade penal não
ataca a causa da situação caótica em que nos encontramos, prende-se um e outros
assumiram o lugar do que for preso, afinal nunca tivemos um contingente de
jovens tão grande como temos atualmente, o que torna mais visível o descaso com
essa parcela da população.
Os que defendem a redução da maior
idade penal, principalmente aqui na cidade de Parintins, deviam usar os meios
de comunicação e redes sociais para uma ampla campanha e mobilização para a
criação de empregos. Que o município, enquanto ente federativo fosse indutor de
desenvolvimento, trabalhando para melhorar nossa infraestrutura (geração de
energia, porto, estradas das agrovilas...) atraindo dessa forma a iniciativa
privada para investir em nossa cidade.
Muitos dos jovens infratores são de
baixa escolaridade, desempregados, de famílias numerosas que, quando muito,
vivem com um salario mínimo, geralmente de algum parente que é funcionário da
prefeitura, e que pra piorar nos últimos dias vivem sob o medo do fantasma das
demissões. Outras fontes de recursos são os programas sociais do governo
federal (que os defensores da redução da maioridade penal chamam de
assistencialismo e esmola, imaginem se não houvesse o bolsa família) e
aposentadorias.
Acredito firmemente que se a cidade
de Parintins gerasse emprego para um bom número de jovens, se elaborasse e
efetivasse uma politica voltada para o homem do campo para que produzisse e
tivesse condições dignas de vida de permanecer em sua terra, construísse praças
de esporte e lazer, tivesse teatro, cinema, investisse na capacidade criativa
de sua juventude, os índices de violência iriam ser reduzidos.
Não podemos falar de violência
juvenil, colocando toda a culpa sobre seus ombros, sem denunciarmos a violência
primeira que é cometida contra a juventude que é a falta de perspectiva, a
falta de oportunidade, a segregação social, isso gera revolta e a revolta gera
violência, ou cuidamos da juventude ou não haverá presídios para tanta gente,
como querem os defensores da redução da maioridade penal.
Nas palavras do Mestre Paulo Freire,
“Para os opressores, porém na hipocrisia da sua “generosidade”, são
sempre os oprimidos, que eles jamais chamam obviamente de oprimidos (...). São
sempre eles os “violentos”, os “bárbaros”, os “malvados”, os “ferozes”, quando
reagem à violência dos opressores”.
(Paulo Freire em Pedagogia do oprimido)
Porém, como diria o mesmo Paulo
Freire, seria muita ingenuidade nossa, esperar respostas positivas da classe
dominante e de seus porta-vozes (em especial Tadeu de Souza), para os problemas
que afligem os oprimidos, sabemos que historicamente os direitos da classe
trabalhadora são conquistados com muita organização e luta, portanto, cabe aos
jovens de Parintins especialmente, reviverem suas entidades de organização,
seja no Grêmio Estudantil, no Centro Acadêmico, juventudes Partidárias, Grito
da Periferia, PJ, e tantos outros espaços de organização juvenil e juntos lutar
para construir a Parintins dos Sonhos não da classe dominante, mas, dos
trabalhadores. Como diria Che Guevara: Se o presente é de luta o futuro nos
pertence! Hasta la Victória siempre.
Dedico essas poucas linhas aos jovens
Dinho, Adriel, Aldemar, Paulinho, Nita, Pito que mesmo com todas as
dificuldades persistem na luta por dias melhores pra juventude.
João Batista Ramos da Silva
Sec.de Juventude do PC do B/
Parintins.
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