Eron Bezerra *
Os meios de comunicação estão divulgando que o PSDB vai
recorrer aos quadros do departamento de estado dos Estados Unidos para tentar
ajudar a pré-candidatura de Aécio Neves à presidência da república. Os
escolhidos são David Axelrod (conselheiro político de Obama) e Antonio Villaraigosa,
prefeito de Los Angeles. Nada pode ser mais simbólico, para expressar o
desespero e a absoluta falta de compromisso com o elementar princípio de
soberania nacional.
Que o PSDB não tem qualquer identidade com o povo e sempre
se orientou por políticas alheias a nossa realidade não é surpresa. A aplicação
mecânica e acrítica da teoria neoliberal desenvolvida por Friedrich Hayek em
1944 e a condição de Fernando Henrique Cardoso como “sócio honorário” do
reacionário “Clube de Roma” – que defende abertamente o crescimento zero sem se
importar se milhões de pessoas ainda vivem na extrema pobreza – são exemplos
emblemáticos dessa postura de subserviência dos tucanos aos seus amos
americanos.
Mas, talvez, nem mesmo o mais ardoroso simpatizante da
tucanada pudesse imaginar que eles chegariam a recorrer abertamente aos
americanos para tentar salvar o seu projeto de retorno ao comando central do
país.
E retornar pra que?
Para ampliar o crescimento econômico, a infraestrutura
nacional, a valorização do serviço público, a expansão do colchão social que
hoje vai, dentre outras, da bolsa família a juros bancários anuais de 2% para a
agricultura familiar?
Não. No período em que governaram não só foram contra, mas
abertamente praticaram ações contra tudo isso, em absoluta subserviência ao
receituário neoliberal. E nem agora quando essa política está inteiramente
desmoralizada pelo caos que suas orientações provocaram na Europa eles fazem
autocritica. Insistem na mesma tecla e, sem qualquer pudor, apelam aos americanos
de maneira explicita. É necessário dizer mais?
Por outro lado, o desespero dos tucanos tem causa objetiva.
As pesquisas lhe são desfavoráveis. E deveria ser ainda pior, se eles não
contassem com um enorme colchão de proteção dos meios de comunicação, cuja
atitude parcimoniosa não é mais sequer dissimulada.
O movimento popular, de sua parte, precisa ter clareza de
propósitos e de objetivos. Não pode se dispersar e nem estranhar a generosidade
com que os meios de comunicação tratam a direita. Tampouco deve se intimidar
com a virulência de que são vítimas por esses mesmos veículos de comunicação.
Tudo isso nada mais do que a constatação de que, de fato, “o estado nada mais é
do que um instrumento de dominação da classe dominante”, que alguns por conveniência
ou ignorância teórica confundem com governo.
Como não há problema sem solução, venceremos mais essa etapa
política e teórica.
* Secretário de Produção Rural do Amazonas, Membro do CC do
PCdoB, Secretário Nacional da Questão Amazônica e Indígena e doutorando em
"Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia".
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